Esta noite não paro de escrever, mas tenho ideias acumuladas na cabeça destes últimos tempos, ou então simplesmente apetece-me, ou então estou farto de econometria.
Já não vou a Coimbra para aí desde que tenho 12 anos ou coisa assim. Vergonha, e agora ainda mais, com tantos ex-alunos de Coimbra de quem gosto tanto.
Coimbra deve ser, sem dúvida, uma cidade muito especial. Recordar-me-ei sempre de uma noite, na festa do Avante, onde fui com um bom amigo que o rio do tempo deixou para trás numa qualquer margem. Telefona-me: queres ir ao Avante hoje à noite? Ok, embora, mas como entramos, e onde dormimos? não interessa, logo se vê, ok vamos embora" e lá fomos.
A primeira noite foi divinal, e dormimos junto ao lago, lá em baixo, debaixo de um saco de cama de alguém. Só se podia comprar à noite bilhete para o fim de semana todo, portanto ficámos também Sábado. Mas perdemo-nos na confusão, e nenhum dos dois tinha telemóvel na altura. Fiquei sozinho na festa, e não mais o vi.
Nessa noite, quando todas as barraquinhas já tinham fechado, o que acontecia relativamente cedo, chego-me à barraca de Coimbra onde ainda se cantava noite fora, numa atmosfera verdadeiramente excepcional. Ali me sentei num canto, a ouvir baladas de Coimbra umas atrás das outras, numa atmosfera de verdadeira magia.
Zeca Afonso canta essa magia. A voz dele, com esta imensa densidade que tem a História e o sofrimento e a tortura e a luta e a nostalgia lá dentro. A letra, que desperta esta faceta de ser português a um emigrante como eu. Esta música, que não posso partilhar como ninguém aqui, e que portanto nesta noite solitária é só minha:
Sunday, 17 January 2010
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1 comment:
Grande Zeca Afonso... Como ele me acompanha algumas noites na Escócia.
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